Não é de hoje que ao passar pelas vitrines, vejo muita coisa que antes era considerada vestimenta fetichista, ou exótica, na vitrine básica de grandes e comuns magazines
Como tendência de moda mesmo, peça que toda garota fashion tem que ter no armário
As tachas, as plataformas altíssimas, os arreios, o couro, vinil e metalizados......e ai vai
Eu não conseguiria usar muita dessas peças no meu dia a dia, mais como fetichista, adoro e uso muito
Para mim, tem um significado cada peça que uso, cada composição e cada material
Não sei se por ser exibicionista, ou por ser fetichista mesmo, mais não conseguiria usar algo, apenas por estar na capa de revistas de moda
Mais é algo bom, as coisas aos olhos "dos outros", não serem mais "tão", estranhas e o fetiche expandir, como um aliado nas relações dos homens e mulheres, com o sentimento de liberdade em se aceitar e viver a vida de acordo com o que lhe satisfaz
Recebi uma matéria da revista Época, não sei a data, mais uma amiga enviou e divido aqui com todos, fotos que ilustrei, são da net
Fetiches ultrapassam os limites das quatro paredes e ganham espaço na internet, em casas noturnas e na moda
Dolores Orosco e Juliana Vilas
Os ombros femininos encantavam o escritor Machado de Assis. Uma saia subindo displicente a revelar parte do joelho provocava furor em Nelson Rodrigues. José de Alencar homenageia os pés femininos em trecho de A pata da gazela. Partes do corpo, roupas e acessórios ajudaram a compor as histórias mais sensuais da literatura mundial. Mas o fetiche não faz parte apenas da ficção. Pés calçados em altíssimos saltos ou calcinhas de algodão que remetem à imagem da Lolita de Vladimir Nabokov também povoam o imaginário de personagens da vida real.
Uma pesquisa da terapeuta carioca Deise Gê, feita pela internet com 1.500 homens entre 18 e 60 anos, mapeou os principais elementos fetichistas do brasileiro. O primeiro são os calçados e os pés. Depois, as vendas para os olhos.
Mas é bom não confundir: fetiche e fantasia sexual são diferentes. Fetiche está relacionado a utensílios, lugares e partes do corpo que, mesmo sem ter relação direta com sexo, causam excitação. Já a fantasia pode incluir um fetiche ou não. De origem francesa, a palavra significa “objeto animado ou não ao qual se atribui poder sobrenatural ou mágico e ao qual se presta culto”. Para a terapeuta sexual Márcia Bittar, o conceito remete a uma fixação. “Depois que a pessoa realiza uma fantasia, passa para a próxima. Já o fetiche é para a vida toda”, explica.
No século XIX, o médico alemão Richard von Krafft-Ebing definiu fetichismo como a associação do desejo ardente com a idéia de certas partes do corpo ou alguns artigos do vestuário feminino. Sim, feminino. Para estudiosos do assunto, o fetiche é mais comum entre homens.
No livro Fetiche – moda, sexo e poder (ed. Rocco), a americana Valerie Steele revela que os homens têm alguns fetiches com frequência duas vezes e meia maior do que as mulheres. “Isso não quer dizer que as mulheres sejam menos interessadas. Significa que elas não parecem desejá-los ardentemente da mesma forma”, ressaltou. De fato, os fetiches mais comuns saem das mentes masculinas. Uma pesquisa da psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, da Universidade de São Paulo, feita com mais de sete mil entrevistados, aponta que 10,7% das mulheres e 15,4% dos homens fazem uso regular de fetiches. “Eles ajudam a fugir da realidade e manter uma boa performance”, diz.
Na Europa, a estética fetichista, influenciada por adornos sadomasoquistas, está na moda. Mas se por lá o conceito vai bem, no Brasil o termo ainda soa como perversão para muitos.
Segundo especialistas, o limite entre a “saudável obsessão” e a perversão é o momento em que o fetichista não tem mais prazer se não houver o objeto de sua devoção na transa. “Se o cara não consegue gozar caso a mulher não vista a roupa de enfermeira, por exemplo, isso já se tornou patologia”, esclarece Márcia Bittar.
A julgar pela enorme quantidade de sites de podolatria (como se chama a veneração pelos pés), Almeida tem razão. Depois das nádegas e dos órgãos genitais, eles estão entre os preferidos.
Apesar de a podolatria ser o tipo mais comum de fetiche masculino, dentro desse universo há de tudo.
De lingeries e espartilhos a acessórios
e práticas como a amarração – o fetichista pode usar cordas, lenços, algemas e elementos que sirvam para imobilizar o parceiro, sem machucá-lo. O designer paulista Ézio Lorenzetti, 31 anos, é adepto. Gosta de amarrar e ser amarrado e costuma usar gravatas e meias-calças. “O fator surpresa dá um toque a mais na transa. Uma vez amarrei uma menina na primeira noite. Ela ficou apaixonada e passou a me perseguir”, lembra.
Em muitos casos, o fetiche pode ser confundido com simples predileção. Entre as mulheres, mãos másculas e uniformes de soldado, bombeiro e guarda são os fetiches que mais fazem sucesso. Segundo Deise Gê, na cama elas gostam mesmo é de falar e ouvir, mais do que de ver. Algumas, porém, surpreendem. É o caso da atriz Brenda Lígia, 26 anos, que se sente atraída por homens acidentados. “Não sei o que isso significa. Talvez seja o desejo de cuidar da pessoa”, arrisca. Certa vez, uma amiga da atriz contou que um colega estava com o braço engessado. “Fiquei com ele só por causa disso”, recorda. O fetiche de Brenda não é um caso isolado. Há sites para gessólatras ou pessoas que gostam de mulheres e homens engessados. Um deles traz uma enquete para identificar que parte do corpo os internautas preferem ver imobilizada. Dos que responderam, 42% preferem o pé coberto até o joelho, 38,9% gostam da perna toda com gesso, 14,5% só querem saber de braços inteiramente durinhos. Muita gente pode estranhar, mas no mundo do fetiche essa não é a regra. Qualquer preferência é respeitada. De acordo com Márcia Bittar, satisfazer fantasias e fetiches, na maioria dos casos, só traz benefícios para a relação. “Se os dois gostarem ou pelo menos não sofrerem, é saudável. Às vezes, as pessoas que se permitem esses exercícios descobrem potenciais que não conheciam”, garante. Em tempos de recessão na cama, a criatividade é bem-vinda. Desde que venha, evidentemente, com o devido consentimento dos envolvidos.
MFD_[margoth]